domingo, 6 de fevereiro de 2011

A new beginning

Resovi tentar.
Vou praticar até escrever assim:

Telefônica, a espanholinha safada
21/07/2009 Marco Aurélio 18 comentários
Eu cheguei ao fundo do poço: estou exilado numa lan house. Ao meu lado, um sujeio espinhento, de cabelo seboso e cara de pedófilo olha atentamente para a tela passando a mão pelo rosto. O anular da mão esquerda tem uma aliança de ouro. O indicador de vez em quando entra numa das narinas do rapaz, dá umas voltinhas, troca de lugar com o mindinho. Ao lado dele, uma bichinha nova, de boné e óculos escuros, sentadinha com as pernas fechads. Deve estar lendo os scraps no Orkut ou, pior, atualizando o Twitter. Outras bichinhas, não tão novas, distribuem-se pelas outras mesas. Três delas usam boné vermelho. São tão estilosas que eu — morador do prédio aqui em cima e usando roupas de ficar em casa — me sinto um mendigo. Atrás de mim, um casal hétero consulta roteiros de viagem. Agora há pouco estavam localizando João Pessoa no Google Maps. Agora estão procurando informações de uma agência de viagens. Devem ser gringos, de passagem por São Paulo a caminho de lugares mais interessantes. Inveja.

Toda essa gente tem suas razões para estar numa lan house agora. Só eu não tenho nada a esconder e tenho uma conexão de 2Mbps logo ali, três andares acima da minha cabeça, num computador decente, com minhas músicas para ouvir. Só que eu não posso usar minha conexão. Estou aqui na lan house, cercado de gente estranha e, percebi só agora, com um ventinho gelado nas costas. Desci para registrar uma reclamação no site da Anatel, que foi a única ação que deu resultado no passado. Mas estou muito puto, não quero desabafar com essas pessoas estranhas (com o casal, talvez, mas eles vão ficar falando da merda da viagem deles), então vim aqui desabafar com vocês.

(Eu não queria ser um desses blogueiros que torram o saco dos leitores reclamando do atendimento que recebem das prestadoras de serviço. Mas eu sou cliente da Telefônica, né?)

Minha alegria começou na madrugada de sábado, quando eu usava a internet para uma atividade importantíssima: jogar Counter Strike com os camaradas. No meio de uma manobra arrojada para atacar os terroristas — que terminou, como nas doze partidas anteriores, com minha morte precoce e patética — a internet entrou em coma. Já eram três da manhã, fui dormir. À tarde, quando acordei, tinha internet novamente. No domingo, ela não resistiu e entregou a alma ao Criador. Mas domingo é dia de ir visitar os pais e os sogros, encher o bucho e ver a eliminação d’A Fazenda. Nem me preocupei.

Só que ontem de manhã eu continuava sem internet. À noite também. Hoje de manhã, idem. Ligo para a Telefônica e fico meia hora ouvindo uma versão constrangedora de I Can’t Help Falling In Love With You enquanto espero a moça do call center terminar de lixar as unhas e contar para as caléga os detalhes do boquete que fez ontem no cobrador de ônibus (“… e agora eu não pago mais passagem no 669A, olha que beleza…. Telefônica, bom dia, em que posso ajudá-lo?”)

Bom, vocês sabem o resto: a moça pergunta se eu já desliguei e liguei de novo, se já tirei e coloquei os cabos de rede e de telefone, se já enfiei um dedo na placa de rede e outro no cu da mãe dela, essas coisas. No fim, diz que eu tenho que esperar de 24 a 72 horas pelo contato de um técnico. Eu digo que não posso esperar merda nenhuma, que preciso da conexão, que eu trabalho com essa porra, que ela trabalha numa empresinha de merda, que eu espero que ela pegue Aids do cobrador e morra. Ela pede para eu esperar um minutinho e eu fico mais meia hora ouvindo o diabo da música enquanto ela me xinga, faz vodu pra mim, liga para o cobrador do 669A para desabafar e dizer que passa na garagem “depois de largá do serviço”. Outra puta me atende, conta a mesma história, eu xingo tudo de novo. Ela diz que eu tenho que esperar e pede para eu anotar o protocolo. Eu mando ela enrolar o protocolo em volta de um cabo de enxada e socar no cu do pai dela. Ela desliga.

A Telefônica é a empresa mais safada que eu já vi. E só metade da culpa é dos espanhóis: a outra metade é da porra do Estado brasileiro, que privatizou monopólios, em vez de abrir para a concorrência. O resultado é que eu fico refém da Telefônica, e tomo bem gostoso no meu cu preto quando a merda da rede deles cai — o que agora acontece com tanta freqüência que já tem nego ligando lá pra reclamar quando a internet funciona.

E eu, que trabalhei uns anos com jornalismo de tecnologia, fico pensando: será possível que não tem UM puto dum jornalista investigando essa história? Procuro aqui e ali e tudo o que vejo são notas dizendo que o sinal da Telefônica caiu, seguidas de notas da empresa dizendo que sente muito e que está trabalhando constantemente para foder-nos com areia e nos ver sorrir. Sério, meu povo: não tem ninguém indo atrás dessa história? Nada, nada? Um dossiê, que seja?

Tirado daqui

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